Primeiro ano da nova legislatura acentua divisão entre governo e oposição na Câmara de Salvador

O primeiro ano da 20ª Legislatura (2025–2028) na Câmara Municipal de Salvador foi marcado por embates entre situação e oposição, sobretudo nas discussões de projetos enviados pelo Executivo.

Em entrevista ao Farol da Bahia, a vereadora Aladilce Souza (PCdoB), líder da bancada de oposição, afirmou que 2025 foi um ano “complicado”, com derrotas significativas para a população nas áreas ambiental e do direito à cidade.

Como exemplo, a parlamentar citou a aprovação de projetos que permitiram a desafetação de áreas verdes, além dos PLs 175/2024 e 424/2025, que alteram a Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo (Louos) e impactam indiretamente o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU).

“Com muita luta, conseguimos suspender leilões de áreas verdes, mas, ainda assim, o prefeito Bruno Reis desafetou e entregou áreas importantes. Além disso, dois projetos enviados pelo Executivo e aprovados pela Casa alteraram o PDDU e a Lei de Ordenamento do Solo. Mesmo após debates, não houve recuo do Executivo. Foi um ano complicado”, lamentou.

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A vereadora também criticou o fato de a Câmara não ter avançado na revisão do PDDU, que já acumula mais de um ano de atraso.

“Perdemos 2025 para fazer a revisão do PDDU. O prefeito esvaziou a discussão e enviou projetos que interessam à especulação imobiliária. Os interesses reais da cidade ficaram prejudicados”, afirmou.

^{Foto: Divulgação/Victor Queirós}

Outro ponto levantado pela oposição foi o transporte público. Segundo Aladilce, “o serviço piorou e o subsídio aprovado pela Casa não contou com contrapartidas”.

Por fim, ela classificou como “desrespeitosa” a relação entre Executivo e Legislativo.

“Tivemos uma relação com o Executivo de pouco respeito, com pacotes de projetos enviados sem tempo para discussão, votados no afogadilho”, completou.

O que diz o líder do governo

Para o líder do governo na Câmara, vereador Kiki Bispo (União Brasil), o primeiro ano da legislatura foi “positivo”, apesar das críticas da oposição.

“Foi um ano muito positivo. No primeiro semestre, a produtividade foi mais lenta, como é natural no início da legislatura. Mas no segundo semestre conseguimos votar e aprovar muitas matérias. Fechamos o ano com chave de ouro”, afirmou em entrevista ao Farol da Bahia.

^{Foto: Farol da Bahia}

Ao comentar as críticas de Aladilce, Kiki reconheceu os problemas do transporte público, mas minimizou as questões relacionadas às áreas verdes.

“O transporte público ainda é um grande problema, mas aprovamos empréstimos que ajudarão. Sobre o meio ambiente, o Parque Metropolitano de Pituaçu e o Abaeté são áreas que o governo do Estado abandonou”, concluiu.